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"É urgente colocar a nutrição na agenda política"

17 de Março de 2016

Foi apresentado, esta manhã, o relatório "Portugal - Alimentação Saudável em Números 2015", desenvolvido pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da Direção-Geral da Saúde, sobre o retrato alimentar e nutricional dos portugueses nos últimos anos.


No decurso do seu comentário ao relatório integrado nesta sessão, e referindo-se essencialmente aos resultados que apontam que os hábitos alimentares inadequados designam o fator de risco que mais contribui para a perda de anos de vida saudável pelos portugueses, a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas apelou a uma ação governamental urgente e atribuiu ao Secretário de Estado Adjunto e da Saúde o seu voto de confiança no que toca à integração da nutrição na agenda política.


"De facto, este relatório vem provar, mais uma vez, que não existe ainda uma consciencialização suficiente relativamente ao impacto que a alimentação assume na saúde da população", explica a Bastonária.


De acordo com os factos apurados, os portugueses continuam a obedecer a "um padrão alimentar pobre em fruta, rico em sódio e pobre em hortícolas", em especial por crianças e adolescentes, algo que é apontado como um dos principais fatores associados à perda de anos de vida saudável. Os hábitos alimentares desajustados destes adolescentes evidenciam também uma tendência a agravar-se à medida que vão evoluindo em ano de escolaridade.


Apesar de se encontrar uma estabilização no que toca ao número de crianças e adolescentes com excesso de peso, o número de crianças em Portugal que se enquadram nesta condição mantém se acima da média europeia.


Quanto à população adulta, o relatório destaca que quase 53% da população portuguesa com mais de 18 anos tinha excesso de peso em 2014, em particular os cidadãos do sexo feminino com idades entre os 45 e os 74 anos.


Um dos maiores riscos de Saúde Púbica em Portugal continua também a ser o consumo excessivo de sal pelos portugueses, o que poderá estar na origem dos números que indicam que 56,3% dos homens e 51,8% das mulheres com idades compreendidas entre os 35 e os 64 anos são hipertensos. A Bastonária considera que este é um dos factos mais preocupantes salientados pelo relatório e que "apesar do aumento do investimento de Portugal na apuração de dados mais fidedignos sobre a ingestão e disponibilidade de sal por parte dos portugueses e mesmo na criação de projetos de intervenção neste sentido, é fundamental que se envolva mais nutricionistas para a reversão da tendência crescente destes números. Só desta forma se poderá garantir o cumprimento da meta estabelecida pela OMS de reduzir o consumo de sal durante os próximos 4 anos e assim dar cumprimento à recomendação para um consumo diário de sal por pessoa de, no máximo, 5 gramas".


Os fatores de ordem socioeconómica vêm afirmar-se no que toca a causas da elevada prevalência das doenças crónicas decorrentes da alimentação. O impacto das desigualdades sociais no acesso e no consumo a alimentação de qualidade tem vindo a tornar-se mais evidente no contexto de crise económica em que Portugal se enquadra, o que parece pôr em causa as condições de Segurança Alimentar, isto é, o acesso a alimentos seguros, de boa qualidade nutricional e em quantidade suficiente. O relatório aponta que 45,8% da amostra de cidadãos em estudo se encontra em situação de Insegurança Alimentar, dos quais 6,6% em situação de Insegurança Alimentar Grave. Mais ainda se concluiu que menos instrução escolar está associada a mais Insegurança Alimentar, tal como acontece no caso dos agregados familiares dos inquiridos desempregados ou nos agregados mais numerosos. No entanto, é a falta de dinheiro que se impõe como o principal fator para a ingestão alimentar insuficiente.


A Bastonária mostra-se expectante em relação a algumas das determinação que o Ministério da Saúde tem vindo trazer a público recentemente, que dão conta de mais investimento na alimentação e na nutrição em Portugal. No entanto, salienta que "a alteração de hábitos alimentares inadequados implica, necessariamente, que sejam encontradas estratégias de intervenção política ajustadas e, ao que parece, o que tem sido feito, ainda está muito aquém do desejável. O incremento de nutricionistas no SNS pode ser o início do caminho a percorrer, mas é preciso mais do que isso; como se vê pelos resultados deste relatório, há ainda que integrar nutricionistas nas estruturas escolares e aumentar o seu número nas autarquias para que as estratégias sejam adequadas às necessidades locais."