O que colocar na lancheira que os filhos levam para a escola é uma preocupação para muitos pais, que procuram dar uma alimentação saudável e diversificada, evitando cair na tentação de "despachar" o assunto com snacks cheios de gordura, sal e conservantes, por falta de tempo.

Desengane-se quem pensa que o lanche é uma refeição menor, que pode ser descurada. Uma alimentação saudável, explica a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, "tem que ser vista como um todo, para proporcionar um dia equilibrado. As necessidades ao longo do dia vão variando." Na lancheira "deve ir leite ou iogurte, fruta, pão e uma garrafa de água que ajude a manter os níveis de hidratação."

Entre os piores erros que os pais cometem, aponta Alexandra Bento, está o "negligenciar os lanches" ao ponto de "não mandarem nada para comer a meio da manhã ou tarde". Outro erro é "recorrer a snacks salgados ou doces".

O que os mais pequenos comem reflete-se na saúde física e mental, influenciando o desempenho escolar. Alimentação pouco saudável leva a "maior irritabilidade, dificuldades de concentração e cansaço" a curto prazo, diz a bastonária. E a problemas de saúde a longo prazo, como obesidade, hipertensão e doenças cardiovasculares.

No livro "Alimentação saudável para crianças inteligentes", Patrick Holford aponta cinco alimentos que não podem faltar (hidratos de carbono de libertação lenta. ácidos gordos essenciais, fosfolípidos, aminoácidos, vitaminas e minerais) e outros tantos a evitar (açúcar refinado, gorduras danificadas, aditivos químicos, minerais tóxicos como cobre e mercúrio e alimentos a que a criança seja alérgica), para melhorar o rendimento escolar. Fritos e doces tornam o cérebro mais "compacto" e sem espaço suficiente para trocas elétricas. Crianças que ingerem muito açúcar refinado têm níveis de inteligência mais baixos e comportamentos mais violentos e desviantes.

30% das crianças tem peso a mais. Os bons hábitos alimentares não parecem fazer parte do dia a dia de muitos alunos portugueses. Um estudo divulgado, ontem, pela Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil, refere que "cerca de 30% das crianças entre os dois e os 10 anos têm excesso de peso", sublinha a bastonária, pedindo "intervenção" para este "sério problema de saúde pública".

A escola, vinca, "não se deve desligar da responsabilidade e investir na qualidade da comida disponível nas cantinas e bares", mas os pais também têm de fazer o trabalho de casa. Isso passa por "incluir as crianças na preparação dos lanches, ouvindo-as e ajudando-as a adotar bons hábitos e a dar importância ao tema".

A lição da alimentação saudável é para aprender desde tenra idade, para que "criem bons hábitos que perdurem pela vida fora", defende Ágata Roquette, nutricionista e mãe de dois rapazes. No livro "A alimentação dos miúdos cá de casa", propõe lanches saudáveis para ajudar outros pais. Uma das preocupações é diversificar.

Se não, "as crianças cansam-se e as probabilidades do pão regressar a casa inteiro são maiores", explica, apontando algumas dicas: fazer bolos com farinha integral, muffins de aveia e outros petiscos naturais mais elaborados aos domingos, quando há mais tempo livre; diversificar o tipo de pão e o recheio ou substitui-lo por frutos secos.

LANCHE 1: Uma taça com 30 gramas de frutos secos pode substituir o tradicional pão. A sugestão é complementada com uma banana e dois queijinhos

LANCHE 2: Na lancheira, os pais podem colocar um pão integral, acompanhado por um iogurte de soja e fruta desidratada

LANCHE 3: Esta sugestão é composta por um pão de malte com queijo, um Iogurte líquido e uma pera

Fonte: JN, versão impressa - 20/09/2017

Zulay Costa, cultura@jn.pt