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Temos de aprender a ler informação nutricional

Temos de aprender a ler informação nutricional
20 de Fevereiro de 2018

Se lhe perguntarem se um pacote de batatas fritas tem mais ou menos sal do que uma lata de atum, sabe responder? E quanto ao açúcar. saberá se a quantidade é consentânea com as recomendações para uma alimentação saudável? Costuma consultar as informações que vêm nos rótulos das embalagens? E compreende-as? Se respondeu que sim a tudo, é uni dos poucos portugueses que sabem de literacia alimentar. E que, muito provavelmente. valorizam a dieta mediterrânica.


A Ordem dos Nutricionistas anda preocupada com o baixo índice de literacia alimentar dos portugueses. "Um estudo recente indica que 40 % dos portugueses não compreendem a informação nutricional presente nos rótulos dos alimentos. Consideramos, por isso, imprescindíveis medidas que facilitem essa compreensão", defende a bastonária, Alexandra Bento. Por outro lado, sublinha também a necessidade da integração de programas de literacia alimentar nos currículos escolares. a par de maior promoção e valorização da dieta mediterrânica.



O caso da quinoa

Isso mesmo defende o chef Hélio Loureiro, que apela à necessidade de um retorno às origens. "A dieta mediterrânica é, no fundo, a nossa gastronomia tradicional. Traduz-se na biodiversidade, na sazonalidade e, mais importante ainda, na proximidade dos produtos, que é algo que, hoje em dia, não se tem muito em conta". diz o chef Hélio Loureiro, que é muito critico da utilização que se faz da quinoa. dá esse mesmo exemplo. "Fala-se tanto em ecologia e em pegada ecológica e depois o que vemos é o consumo excessivo de produtos como a quinoa. Toda a gente acha graça e esquece que estamos a matar à fome milhares de pessoas da América Central, cuja sobrevivência passa pelo consumo desse alimento. Ora, acontece que nós, quer em Portugal quer na Europa Ocidental, temos cereais tão bons como a quinoa. Não precisamos dela para nada".



É preciso ir mais além

Talvez por tudo isto a bastonária da Ordem dos Nutricionistas considere que "temos um panorama alimentar no nosso país que deixa muito a desejar". E. embora reconheça que nos últimos anos se tenha assistido a uma mudança de paradigma e tenhamos trabalhado mais afincadamente nestas questões", sublinha a necessidade de se "ir a um passo mais apressado".

Hélio Loureiro fala da importância da dieta mediterrânica como parte fundamental da mudança de paradigma. "A alimentação mediterrânica deve, por isso, assentar na sazonalidade, na biodiversidade e proximidade dos produtos que temos à porta, que são os que sempre nos alimentaram. Claro que temos de ter alguma contenção e não ser extremistas ao ponto de deixarmos de comer ananás ou mangas". E, acima de tudo. sublinha, há que trazer de volta o conceito do termo "comer". "Esquecemos imenso esta lindíssima palavra portuguesa. Dizemos "comer com" ou "na companhia de". O que lembramos, quando falamos de um almoço ou de um jantar, não é daqueles em que estivemos sozinhos, mas sim dos que partilhamos com alguém".


Entretanto, a Ordem dos Nutricionistas continua a apelar à necessidade de uma campanha nacional de promoção e valorização da dieta mediterrânica. "A última campanha sobre literacia alimentar no nosso país remonta já à década de 1970, e visou a divulgação da roda dos alimentos. Essa campanha teve focos muito específicos com ações vocacionadas para os professores. E é assim que deve ser. porque são eles os grandes disseminadores da informação".


Ana Vitória, cuttura@jn.pt 



Governo estuda novos rótulos nutricionais

O Parlamento aprovou, este mês, uma recomendação ao Governo para que "avalie e defina um esquema complementar à declaração nutricional, que torne facilmente percetível aos consumidores a informação sobre o teor nutricional dos alimentos embalados". Os chamados "semáforos" nutricionais e cancerígenos, projetos de resolução propostos por BE e PAN, foram chumbados pelos outros partidos. A deputada do PS Palmira Maciel defendeu que a questão não deve ser "trabalhada fora do quadro europeu", e avançou a "possibilidade de a indústria adotar de forma facultativa um sistema de rotulagem alternativo", que seja mais informativo e, sobretudo, mais percetível por parte dos consumidores, até haver uma solução europeia.



Nutricionistas França usa as cores


Os especialistas em nutrição advogam a utilização do vermelho, amarelo e verde para indicar se os alimentos têm concentrações elevadas, médias ou saudáveis de nutrientes como o sal, a gordura ou o açúcar. E um exemplo de rotulagem que já é seguido no Reino Unido e em França. Por outro lado, sublinham a necessidade da integração de programas de literacia alimentar nos currículos escolares, a par de uma maior promoção e valorização da dieta mediterrânica.




Fonte: Jornal de Notícias, edição impressa, pág.34, 20 de fevereiro de 2018