O Ministério da Educação baniu mais de 50 alimentos considerados não saudáveis dos bares das escolas, mas os problemas com a alimentação no setor são mais vastos e não ficam resolvidos.
O alerta é da bastonária da Ordem dos Nutricionistas, que chama a atenção para a falta de especialistas envolvidos no que devem comer quase 1,3 milhões de alunos das escolas públicas. “O Ministério da Educação [ME] só tem dois nutricionistas para todas as escolas. O ME não se pode demitir de ter profissionais devidamente preparados. Desde o Orçamento do Estado de 2020 que está previsto um concurso para a contratação de 15 nutricionistas, mas continua a ser adiado”, afirmou ao CM Alexandra Bento.
Apesar de admitir que há mais nutricionistas envolvidos no processo nas empresas de catering, centros de saúde e autarquias, a bastonária diz que fica muito trabalho por fazer. “O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, desculpou-se há dias dizendo que as ementas são feitas por nutricionistas, mas a elaboração de ementas é só um aspeto do trabalho. É preciso fazer o acompanhamento das refeições, verificar a adaptação dos alunos à alimentação, fazer a vigilância do peso”, defende Alexandra Bento.
Em relação ao despacho que restringiu alimentos não saudáveis, a bastonária faz uma avaliação “muito positiva” e rejeita algumas críticas à proibição imposta. “É evidente que na alimentação saudável todos os produtos alimentares devem estar presentes, desde que as pessoas sejam saudáveis, mas isso não significa que sejam as escolas a fornecer, podem ser comidos noutra altura. O espaço escola deve ser promotor da saúde e a criança deve ter direito a alimentação saudável.”
Comer alimentos mais saudáveis nos bares das escolas não sairá mais caro, garante a bastonária Alexandra Bento. “No espaço escola há preços tabelados e essa questão não se coloca.” Na comparação feita pelo CM, o cabaz saudável até foi mais barato.
PORMENORES
Cafés como alternativa
Rui Martins, representante dos pais, deseja que a proibição não leve os alunos a optar por outras alternativas: “Espero que os alunos não passem a ir aos cafés. Se os pais perceberem a mensagem, não vão deixar que isso aconteça”, disse.
Produtos proibidos
O despacho do Ministério da Educação proibiu a venda de bolos, salgados (rissóis, croquetes), pão com chouriço, bolachas, refrigerantes, guloseimas, chocolate, gelados, pizas, hambúrgueres, entre outros.
Fonte: Correio da Manhã, edição impressa, 20 de agosto de 2021